Entrevista – Márcio Pacheco

♦ Quando você começou a tomar gosto pela escrita?

“Dizem que todo escritor é primeiramente um ávido leitor. Comigo não foi diferente. Sempre gostei de ler, mas nunca tinha pensado em escrever algo meu até ler Game of Thrones. A forma como Martin conduziu a narrativa me fez querer fazer algo parecido: um mundo moralmente cinzento visto através dos olhos de diversos personagens.”

♦ Como nasceu a ideia para As Crônicas do Apocalipse?

“A ideia veio toda de uma vez, um relâmpago na cabeça. Estava assistindo Star Trek (uma das novas versões) quando um único evento despertou o meu “e se…”. Pronto. A cabeça fez o resto. Corri para aprisionar as ideias no papel, e mais ainda para começar a escrever.”

♦ Você já pensou em desistir da escrita quando teve algum bloqueio criativo, ou quando as coisas pareciam que não dariam certo?

“Tenho meus hiatos. Acho que equilibro bem a dosagem entre metas ousadas e descansos antissurtos. Ser autor independente, conciliando isso com todas as demandas inclusas no pacote, mais família, trabalho e estudos pode te levar facilmente à exaustão. Mas eu me sinto tão bem escrevendo e tenho um retorno tão incrível dos leitores que jamais pensei em desistir. Repousar, sim. Parar, nunca.”

♦ O que é a Lura Editorial e como publicar com eles influenciou sua carreira como escritor e As Crônicas do Apocalipse?

“A Lura é uma Editora que presta serviços sob contratação do autor. Com eles você paga todo o processo, mas também lucra tudo o que ganhar com o livro, sem vínculos de direitos autorais. Eu gosto de acreditar que quando você tem um objetivo claro, Deus encarrega-se de colocar as pessoas certas no seu caminho. O Roger da Lura foi uma dessas pessoas. Com eles consegui fazer um livro de qualidade, com uma capa que (tenho certeza) já vendeu muitos livros por aí. Gosto de trabalhar com a Lura e já prometi ao Roger que (a menos que uma editora tradicional faça uma proposta muito interessante) toda a série As Crônicas do Apocalipse será publicada pela Lura.”

♦ Dos personagens que você criou para a saga, qual é o que você tem mais facilidade para escrever?

“Dante, sem dúvida. Ele é sarcástico, debochado, desapegado e gosta de estar onde as coisas acontecem. Acho que todos têm um pouco de mim, mas com certeza Dante é o que mais me divirto ao escrever.”

♦ Como você lida com a cobrança dos leitores pela continuação dos livros?

“Rapaz… Levo como incentivo, mas é pesada, viu? Já recebi mensagens do tipo “O que você tá fazendo que não tá escrevendo o terceiro livro?”, “Martin Tupiniquim”, entre outras. Acho divertido, mas tento não me deixar afetar. A Naughty Dog levou 7 anos para lançar a sequência de The Last of Us, porque queriam fazer algo especial. Não pretendo levar tanto tempo com as sequências, mas o livro tem que incendiar meu coração para ser lançado, porque sei que se eu sentir isso, os leitores também sentirão.”

♦ O Senhor do Tempo conseguiu aproximadamente 150 avaliações e A Máscara da Peste passou de 50. Quando você lançou seu primeiro livro, pensou que faria tanto sucesso?

“Quando publiquei o primeiro lote de O Senhor do Tempo, acredito que tive a mesma dose de coragem e ingenuidade. 1000 livros? Muitos disseram que eu era louco. Mas eu acreditava no potencial da minha série, que as pessoas gostariam dela tanto quanto eu. Estou feliz com os resultados, em saber que a história vem ganhando tantos leitores. Espero que isso continue. Faz tudo valer a pena!”

♦ Quantos livros você planeja que essa saga tenha?

“Tenho planos para 6 livros. Além de “Os Espólios da Guerra” virão “O Refúgio da Fome”, “O Despertar da Morte” e “O Quinto Cavaleiro”. Mas prometi a mim mesmo que não vou prolongar a história mais que o necessário. Então pode acontecer de o “O Despertar da Morte” não sair. Mas acho que vai. 😊”

♦ Além de As Crônicas do Apocalipse, você criou a antologia 2045. Como foi trabalhar esse novo projeto?

“Foi incrível. Dar liberdade para os autores e autoras trazerem suas próprias versões sobre o início dos desastres que culminaram no que se tornou o Pós-Guerra. Já foram lidas mais de 6 mil páginas no Kindle e vendidas mais de 1.400 unidades. Os lucros já estão sendo revertidos para os autores participantes. Estamos empolgados. O projeto foi tão bem-sucedido que vêm mais dois derivados dele, com outras propostas. Logo mais todos saberão.”

♦ Para encerrar, que conselho você dá para os futuros escritores do Brasil?

“Constância é a palavra. Vai ser difícil e vai te exigir muito. Mas vale a pena. Ter o retorno dos leitores, saber que a sua história fez a diferença para o dia de alguém, ver as pessoas se emocionando com aquilo que você criou, são coisas que poucas profissões proporcionam. História conectam pessoas. Se você acha que faz sentido para você, mas se sente inseguro(a), venha conversar comigo. Tenho certeza que sairá coisa boa daí. Abraço!”