Entrevista – Philippe Alencar (Lua Rubra)

♦ Quando você começou a tomar gosto pela escrita?

“Na adolescência. Eu tinha um blog em que escrevia coisas dos mais variados tipos, de opiniões a contos sobre temas diversos. Eram as ideias de um adolescente emo que achava que sabia alguma coisa da vida, então não sei se tinham muito valor, a não ser como entretenimento para alguém atualmente. No entanto, esse exercício de escrita me permitiu dar vasão à criatividade que eu tinha desde criança, e assim comecei a escrever histórias.”

♦ Como nasceu a ideia para Lua Rubra?

“A maior parte da história narrada em Lua Rubra fazia parte de um projeto antigo meu, que pertence a uma obra maior. No entanto, não consegui que uma editora comprasse a ideia de publicar um livro tão grande, e os capítulos acabaram  engavetados. Mais tarde o Artur, dono da AVEC Editora, me chamou para escrever uma fantasia. Eu sugeri que a temática envolvesse vampiros, e ele aceitou. Eu adaptei a premissa que tinha na história maior, reduzi o plot e reescrevi cerca de metade de toda a história, para transformar o que seriam 800 páginas em menos de 200. Ah, e a ideia inicial para esse núcleo de personagens surgiu quando eu era adolescente e jogava muito Castlevania Symphony of the Night, no Playstation One. The Witcher também é uma influência.”

♦ Você já pensou em desistir da escrita quando teve algum bloqueio criativo, ou quando as coisas pareciam não dar certo?

“Em relação a bloqueio criativo, nunca pensei em desistir da escrita devido a esse problema. Claro que também tenho meus bloqueios, mas não chegam a me desmotivar desse jeito. Em relação ao mercado editorial, sim, já pensei muito em parar de escrever por causa disso.”

♦ Como ter sido publicado pela AVEC influenciou sua carreira literária e a obra Lua Rubra?

“Eu conhecia o dono da AVEC desde que eu publiquei meu primeiro livro, em 2016, uma fantasia chamada O Mestre das Cordas, cuja premissa traz um bardo como protagonista. A obra faz fortes referências a RPG e é uma high fantasy cheia de ação e aventura. O Artur havia curtido essa vibe, mas ele planejava publicar livros menores (O Mestre das Cordas tinha mais de 500 páginas). Mais tarde, tive a oportunidade de publicar pela AVEC com Lua Rubra, uma experiência que foi e ainda tem sido bem enriquecedora. Ganhei um pouco mais de visibilidade graças a isso, e percebo que meus livros chegam a mais leitores. São passos curtos, mas acredito que estou caminhando rumo a novas publicações no futuro.”

♦ Dos personagens que você criou, qual é o que você tem mais facilidade para escrever?

“Acredito que a Vika foi a mais fácil. Ela é uma criança, com medo e esperança, algo que todo mundo já foi um dia, então o material de pesquisa está basicamente dentro de nós. Já com os outros personagens, tive um pouco mais de trabalho, mas nada muito problemático. De forma geral, foi relativamente tranquilo o processo de criação dos personagens em Lua Rubra.”

♦ Esse será um livro de volume único, ou os leitores podem esperar por continuações diretas da história?

“Ele foi planejado para ser volume único, mas eu deixei muito espaço para continuações, principalmente na criação do mundo e no último capítulo, que obviamente não vou dar spoilers aqui. Agora, se o livro terá ou não uma continuação, dependerá da vontade dos leitores. Se as vendas forem boas, o Artur vai me cobrar uma continuação pra ontem (e eu já tenho a ideia do plot).”

♦ Além de escrever Lua Rubra, você planeja trabalhar histórias no mesmo universo, ou já tem outros planos em mente?

“Eu gostaria de escrever histórias no mesmo universo ficcional de Lua Rubra. Sempre crio mundos com muito cuidado e carinho com o leitor, e é uma das coisas que as pessoas mais curtem nas minhas histórias. Contudo, essa não é uma prioridade para mim no momento. Tenho outros dois livros já finalizados, que não fazem parte do universo de Lua Rubra. Um deles é uma dark fantasy urbana com temática de demônios, chamado A Irmandade dos Renascidos. O outro é uma comédia satírica sci-fi intitulada Não Deu pra Salvar a Humanidade. Minha prioridade é conseguir publicar ambos.”

♦Algumas pessoas podem achar um livro de fantasia com 180 páginas pequeno, mas para você ter trabalhado uma história desse tamanho facilitou a construção do enredo?

“Não. De fato, escrever a história completa com menos de 200 páginas foi um desafio, e algumas coisas que eu planejava contar tiveram que ser sacrificadas. Mas foi um pedido da editora, e eu estava disposto a cumprir nosso acordo. Faz parte de ser profissional. Porém, tenho preferência por escrever histórias um pouco maiores. Acho que 300 páginas está de bom tamanho – dá para desenvolver uma história legal sem gerar um livro tão grande, de modo que até as pessoas mais apressadas e com menos tempo livre possam ler.”

♦ Teve ou tem alguma coisa que você gostaria de ter colocado no livro, mas acabou não podendo, ou não pensando quando o escreveu?

“Sim, muita coisa, mas não pelo teor das ideias – o desafio era a limitação de páginas. Assim, me ative ao que era mais importante para a história e aos personagens do núcleo principal.”

♦ Para encerrar, que conselho você dá para os futuros escritores do Brasil?

“Apenas que escrevam aquilo que gostam, e façam isso com dedicação e carinho. O mercado com certeza tem suas tendências, suas modas e suas prioridades comerciais. Faz parte, editoras são empresas e precisam sobreviver. Porém, não vá para o caminho de escrever algo que não tem nada a ver com você, na esperança de que assim possa conseguir uma publicação. Se o mercado não está valorizando o que você tem a contar no momento, escreva e deixe o projeto guardado. Depois, parta para o próximo projeto. Continue lendo o máximo que puder e escrevendo sempre que possível. Como a vida, o mercado também pode mudar, e eventualmente você terá uma chance de ser publicado contando histórias escritas com vontade genuína.”

Philippe Alencar

Autor de O Mestre das Cordas, livro de dark fantasy publicado em 2016. Além de trabalhar na área de Posicionamento de Marca em uma empresa de Tecnologia da Informação, Philippe é entusiasta de games e atua como tradutor para empresas de jogos online. Lua Rubra é o quarto livro do autor.

Lua rubra

Autor: Philippe Alencar
Ano: 2021
Editora: Avec
Gênero: Fantasia sombria, literatura brasileira

Sinopse: Aos nove anos, Vika conhece o caos. É a primeira vez que ela enxerga sua face, quando todos de seu vilarejo são mortos diante de seus olhos. Amedrontada, a garota foge e acaba nas ruínas de um antigo castelo, onde um monstro a aguarda nas sombras. A criança percebe que a criatura não é maligna como ela pensava, e aquele que era para ser seu algoz, torna-se seu protetor.

Em Lua Rubra, uma fantasia sombria repleta de mistérios, drama e ação, o leitor acompanhará uma mesma história sob três perspectivas: a de uma criança; a de um vampiro; e a de um caçador de monstros.

Em um mundo cruel, no qual homens fazem chover sangue com suas armas e feras escondem-se na escuridão, quem é o monstro, afinal?

O Mestre das Cordas

Autor: Philippe Alencar
Ano: 2018
Editora: Independente
Gênero: Fantasia épica, literatura brasileira

Sinopse: As terras de Arkandur formam o último continente, o único lugar onde a humanidade perseverou e vive em paz com os sábios conhecidos como magos. No entanto, tudo muda quando rituais necromânticos começam a espalhar caos e horror pelos Três Grandes Reinos. Os reis, receosos e pressionados por seus conselheiros, decidem assinar a lei que proíbe permanentemente a prática de magia. Os magos passam a ser caçados não somente pelas tropas reais, mas também pela sombria cavalaria da Justiça Armada Noturna, cujas espadas são tão gélidas quanto suas almas.

Porém, dentre os poucos sobreviventes, surge Barton: um bardo capaz de tornar os sons do mundo em sua fonte de magia. Atormentado após presenciar o assassinato da esposa, o bardo vê um novo destino à sua frente quando um velho amigo o recruta para uma perigosa jornada, e juntos partem em busca da verdade por trás da sombra nefasta que devora o mundo. Atendendo ao chamado, o músico compreende a vida como uma melodia, mas inúmeros segredos estão guardados ao longo das escalas musicais que ele terá de desvendar, onde cada nota poderá surgir como um aliado... ou um algoz. Uma canção em que deuses e demônios ditam as regras, e humanos e magos clamam para si o direito de reescrevê-las.

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